Fui até hoje aquela aluna que nunca cabulou porque não é correcto, que expõe as suas dúvidas quando não sabe, que devolve dinheiro se o vir cair de uma carteira, que denuncia os carteiristas mesmo que seja um grupo de marroquinos capaz de dar uma grande sova. Sou aquela pessoa que respeitou sempre as namoradas dos amigos mesmo que nem as conhecesse ou mesmo quando os próprios amigos não as queriam respeitar. Sou aquela menina que ainda acredita que em Beja ainda há futuro, que não vale a pena entregar-se seja aquilo que for, sou aquele tipo de menina que quer estar sossegada no seu canto e que poucas foram as vezes que na sua adolescência tentou seduzir alguém, que me mantive discreta e fiel à crença que sem amor não há mais do que a amizade possível e que é o único que posso dar. Sou aquele tipo de pessoa que as minhas colegas de trabalho acham que já não existem e que é um pouco antiguinha. Sou aquele tipo de pessoa que não rouba clipes do trabalho e que paga um bilhete mesmo que seja por duas paragens de metro.
Sou assim. É o que é, é como sou, não é bom, não é mau, é o que é. Nos últimos dias, circunstâncias várias (porque não foi apenas uma e porque as aprendizagens do mesmo tipo agrupam-se nas nossas vidas para que não as possamos ignorar e assim assimilar melhor!) fizeram-me pensar se valerá a pena ser assim! Para mim vale a pena, claro que sim! Só o facto de ser como sou me faz tremendamente feliz, a questão é o incómodo que isto tem trazido ao meu redor! É de tal maneira estranho que todos me tomam por aquilo que são! Se é uma mulher e ela teria sido capaz de me trair, acho que eu traio mas que finjo que não o faço! Se é um homem que pensa que poderia ser capaz de roubar, olha para mim e não confia porque acha que finjo apenas que sou assim!
Se é certo que todos nos projectamos e que também eu projecto nos outros aquilo que sou, a verdade é que projecto sempre uma certa confiança em relação aos meus próprios valores. Penso logo à partida que o outro me quer ver, a mim, como sou, conservadora, respeitadora, mas, de novo a questão do outro. É mais fácil ser O Outro o culpado e ser maldoso, do que a maldade estar na minha mente, poupando constrangimentos. Não há culpas, há responsabilidades e posso ser responsável por não ser sempre o mais clara que posso ser, essa responsabilidade é minha. Sou transparente, quando gosto digo, mesmo que isso não seja sequer do agrado de quem gostaria de saber o contrário, quando não quero não uso subterfúgios. Meninas, não quero os vossos namorados, não quero os vossos interesses, nem os meus eu persigo!
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